A operação Hashtag, da Polícia Federal, prendeu
ontem, 21 de julho, dez brasileiros que prestaram juramento ao Estado Islâmico
sob suspeita de planejarem um ataque terrorista nas Olimpíadas do Rio de
Janeiro.
O total de investigados soma catorze pessoas, mas
dois estão foragidos e outros dois foram conduzidos para depor. Os nomes foram
divulgados, e alguns deles adotaram nomes árabes ou falsos para usarem as redes
sociais, numa tentativa de ocultar sua identidade real.
Alisson Luan de Oliveira, Antonio Andrade dos
Santos Junior (Antonio Ahmed Andrade), Daniel Freitas Baltazar (Caio Pereira),
Hortencio Yoshitake (Teo Yoshi), Israel Pedra Mesquita, Leandro França de
Oliveira, Leonid El Kadri de Melo (Abu Khalled), Levi Ribeiro Fernandes de
Jesus (Muhammad Ali Huraia), Marco Mario Duarte (Zaid Duarte), Matheus Barbosa
e Silva (Ismail Abdul-Jabbar Al-Brazili), Mohamad Mounir Zakaria (Zakaria
Mounir), Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (Ali Lundi), Valdir Pereira da
Rocha (Valdir Mahmoud) e Vitor Barbosa Magalhães (Vitor Abdullah) estão sob
investigação da Polícia Federal, sendo que El Kadri e Pereira da Rocha já têm
uma condenação por homicídio.
Antonio Andrade dos Santos Junior, 34 anos, é um
ex-cristão que se tornou ateu, mas foi convertido pelo radicalismo islâmico. O
caso de Santos Junior é um exemplo do poder de convencimento da propaganda do
Estado Islâmico.
De acordo com informações da revista Veja, as
autoridades têm conhecimento de 32 brasileiros que juraram fidelidade ao grupo
extremista islâmico. Desses, ao menos quatro, estão entre os investigados pela
Operação Hashtag.
O suspeito Mohamad Mounir Zakaria é um empresário
brasileiro proprietário de cinco empresas de confecção na região do Brás,
bairro da capital paulista, e é o segundo diretor de patrimônio da Liga da
Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, cuja mesquita fica no Pari, bairro
vizinho ao Brás.
Leonid El Kadri é um sul-mato-grossense que
trabalhava como mecânico em uma agropecuária da cidade de Campos de Júlio (MT),
onde morava. Ele tem uma ficha policial extensa, tendo cumprido pena de 18 anos
e oito meses de prisão por homicídio e roubo qualificados. Na juventude,
estudou em uma escola evangélica, além de participar de um grupo de escoteiros
do Tocantins. Atualmente, cursava engenharia na Faculdade Anhanguera.
Zaid Mohammad Abdul-Rahman Duarte nasceu Marcos
Mário Duarte em 1974, na Ilha de São Luís do Maranhão. Convertido ao islamismo
em 2003, ele vivia na cidade de Amparo, interior de São Paulo, e se diz o
idealizador, fundador, vice-presidente e Emir da Sociedade Islâmica do
Maranhão, além de manter um blog com uma frase em inglês que diz “você está
entrando em uma zona controlada pela Sharia. Regras islâmicas aplicadas”,
referindo-se ao código islâmico usado como lei civil por grupos extremistas.
“Eu não sou o primeiro, nem o único, nem o último
muçulmano vivendo num país ocidental vítima de todo tipo de má sorte imposta
pela propaganda guerreirista que a mídia sensacionalista pró-guerra sangrenta
americana vem travando contra a religião de Allah”, diz Zaid Duarte em uma de
suas postagens.
Guerra
ao terror
Os suspeitos foram rastreados pela
Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal, através de monitoramento de
mensagens trocadas pelos suspeitos em redes sociais, principalmente pelos
aplicativos de mensagens instantâneas como Telegram e Whatsapp.
Durante o monitoramento, a PF
detectou conversas em que eles demonstravam apoio aos últimos atentados do
Estado Islâmico e faziam referências a uma tentativa de compra de uma arma no
Paraguai.
A PF descobriu que um deles fez
contato, por e-mail, com um fornecedor de armas clandestinas naquele país,
orçando fuzil AK-47. Até agora, a Polícia Federal não descobriu indícios de que
os brasileiros recebiam apoio financeiro do Estado Islâmico.
“Houve pedido do líder [dos
brasileiros] para que começassem a pensar uma forma de financiamento, mas não
houve [o financiamento em si]”, afirmou o ministro da Justiça, Alexandre de
Moraes.
Todo o trabalho de monitoramento foi
feito com autorização judicial, e flagrou conversas com discussões de táticas
de guerrilha, expressões de intolerância racial, de gênero e, principalmente,
religiosa.
Em algumas das mensagens
interceptadas, a PF flagrou a comemoração dos suspeitos pelos atentados
ocorridos em Orlando (EUA) e Nice (França), além das execuções de “infiéis”
feitas pelo Estado Islâmico no Oriente Médio.
Os dez presos foram detidos nos
estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.